Desesperado para ver o
sol, ou apenas um pequeno vislumbre de sua luz amarela. Os olhos clamam por
novos horizontes, além das forças das pernas. Sente-se caminhar sobre nuvens,
sente-se a vontade de gritar. Sonha-se com esperanças, de cores, sabores e
tons.
O que fazer, se tudo
parece passar à sua frente, rápido e intocável, irreversível. Como um caminho de formigas, onde uma
operária corre em meio a milhões, perdendo-se de sua vista. Afundando num lago
de insetos e patas e nada.
Onde estava ontem,
transforma-se cada vez mais em alimento para a nostalgia, abrindo um buraco no
estômago, enevoando o presente e fazendo-se temer o futuro. O que foi? O que é?
O que será? As trilhas de formiga fazem e se desfazem, e os olhos ali,
condenados a observar. Tudo passa tão
rápido, eles pensam. E o “tudo” não passa de Tempo. Frio. Calculado.
Inexorável. Como parar? Como fazê-lo
demorar-se?, eles imploram. Mas essa maneira, não há. Há a maneira de
aceitar. As formigas passam pelo caminho, assim como os anos correm aos olhos
daqueles que os observam, ou mesmo daqueles que escolhem apertar as pálpebras,
deitando-as sobre seus olhos. Fugindo, não custa tentar...mas custa falhar.
Talvez os passos de hoje
sejam apressados demais para se dar valor ao pouco. Ou talvez julgue-se o pouco
simples demais para se valorizar. Ou seja apenas tolice, comandando uma
danação.
Ou ainda, talvez, alguém
esteja rindo. Habitando horizontes dourados. Rindo daqueles que tomam o Tempo
por uma simples ou grande aflição.