terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ziz

Assim eles nascem, assim eles morrem.
Assim eles vivem.
Num mundo ordinário, onde cada coração torna-se um vão para uma nova esperança se fazer crer. Se encolher entre eles.
E assim eles caminham. Amando e aprendendo, sorrindo e dizendo adeus. Aos olhos de todos, à preocupação de nenhum e ninguém.
Crueldade, ignorância e prazer, dividindo a mesma casca de poeira. Assim o vento sopra e eles se fazem sós. Uns aos outros, infelizes aos seus olhares.
Assim eles vivem, assim eles morrem. Esperando a liberdade de viverem por si próprios, mas apenas sobrevivem acorrentados a si mesmos. Ego e cegueira, sete bilhões deles...
E como contemplam as emoções, chocando-se com os sentimentos. E procuram uma mão vazia, na necessidade do apoio. E justificam o fracasso, culpando vontades alheias.
E o arbítrio, que um dia foi livre, tornou-se escravidão.
Esse mundo ordinário, transformou-se numa caricatura obscena de si mesmo. Uma auto-mutilação, onde todos cortam suas próprias asas, por terem medo de voar.
E viver, ser livre, amar e chorar. E um dia, liberto, morrer.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Avante

Quando o dia sorriu,
ele levantou-se em paz.
Quando a lua fugiu,
um breve nunca mais.

Olhos contemplando o horizonte,
não mais cair, não mais falhar.
Abriu os olhos, Avante,
e vida digna mesmo sem estar.

O último trovão rugiu,
e novamente azul torna-se o céu.
Um último pilar de medo ruiu,
o Sol vem e rompe-se o véu.

Uma respiração profunda,
sentindo a vida nos pulmões.
A face um dia imunda,
agora inspira novos corações.

Não houve Deus, não houve homem,
houve o orgulho e a coragem.
Não houve fé, ela está aquém,
houve ele, e ele mesmo...

Avante, sempre.