sexta-feira, 29 de junho de 2012

Ás

A tristeza de se deixar perder a palavra. Levada pelo sopro frio de uma tarde de Inverno. Nunca sairá da minha boca, nem meus olhos contemplarão seu sorriso ao ouvi-las. Pois um dia eu pensei em dizê-las, mas não tive coragem pra tanto. E como um rio caudaloso, perene no Tempo, o momento se foi, me deixando a companhia do arrependimento, selado pela eternidade de um simples adeus.

Voam. Caem. Morrem. Sempre.


segunda-feira, 25 de junho de 2012

As Últimas Palavras

As últimas palavras...
Ninguém sabe quais serão, quando serão, as emoções que expressarão.
Uma palavra de carinho que permanece pra sempre, aquecendo o coração nas horas que a saudade chega.
Ou o último ato de desprezo, que martela a consciência até a morte, cavando um poço de arrependimento numa alma já sofrida e amargurada. Uma ferida que nem o Tempo pode amenizar, mas apenas trazer de estação a estação, como uma maré de lembranças doídas e sentimentos tristes, depressivos.

Amor ou ódio. Alegria ou raiva. Esperança ou desilusão.
Promessas não cumpridas. Um último desafeto.

Mas quem pensa nisso antes de magoar alguém? Você pensa?
Além de um momento de orgulho, sem se dar por vencido, querendo ser aquele que tem a última palavra. Você pensa que essa pode ser a última coisa que essa pessoa irá ouvir de você? A última lembrança gravada.
Pais, mães, filhos, amigos...antes de rasgar os corações deles com palavras, você pensa que podem ser as últimas?

Palavras o vento leva, dizem. Mas o arrependimento pode trazê-las de volta. Afiadas e dilacerantes.
Sem volta!

As últimas palavras,
tão importantes; tão banalizadas...

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Arquitetos da Destruição


Avante afinal, é hora de erguer a cabeça.
Já há muito o que lamentar, mas meus olhos sempre alcançam um motivo maior.
E o coração obedece e segue rumo a uma armadilha.
Quando eu tento escapar, já é tarde.
Eu que estive esse tempo todo esfacelando estigmas, tentando reverter essa visão precária...
ora, não custava tentar.

Pois digo: a dor caleja. Se torna parte de você. Até que um dia ela vai embora e você sente falta da aflição que ela causava, mas que um dia virou conforto.
Sim, conforto. Um encosto pra ser usado. Uma desculpa pra ser armada. Um escudo.
Então você procura, inconscientemente, que ela retorne. Busca reviver as causas. Busca machucar aquela cicatriz fechada.

É quando você percebe que é refém.

Foi quando eu percebi que era refém.
Da culpa; do arrependimento; do passado.
Nada me atrai hoje, mais do que aquilo que um dia eu vivi.
Nada é mais triste do que entender isso um dia.
É como o Inverno se sobrepondo ao Outono. É como a escuridão roubando a vida. Um último suspiro dos sonhos. Deixam de ser sonhos, tornam-se pesadelos. Transformam-se nos arquitetos da destruição, construindo desilusões. Antes de serem sugados pelo Nada. 

Resta o cinza, mas de cabeça erguida.
Apesar de tudo, refazendo perspectivas.