terça-feira, 27 de março de 2012

Menina

Pelo Tempo, os anos se passam.
Muitas vezes de forma imperceptível, mas inexorável.
Trazendo amadurecimento. Crescimento. Lembranças...
Uma batalha inelutável, apenas feita para se viver.

Os anos transformaram a garotinha em mulher.
E hoje a mulher sente falta de ser apenas uma menina.
Mas os sonhos estão a impeli-la, buscando realizá-los.
Não, não é fácil ser adulto. Sim, a infância poderia ter sido mais aproveitada.
Mas hoje essa mulher amadurece mais um pouco, como todos os dias.
E começa a perceber que a vida pode exigir mais do que gostaríamos de ceder.
A menina ainda existe e sempre vai existir dentro dessa mulher, que ainda tem muito a crescer, mas nunca vai se esquecer das lembranças e das alegrias de ser apenas aquela menininha.
E para os momentos difíceis da vida desta mulher, ela sabe que terá ao seu lado um apoio, uma voz de incentivo, ou de consolo, ou de conselhos, mas, independente de qualquer tribulação, uma voz de amor.

Cresce menina, um dia o mundo ainda será seu!

quinta-feira, 22 de março de 2012

Novo

O sol já deveria ter nascido.
Já era pra noite ter caminhado.
O leste deveria estar clareando.
Onde está o novo dia?

As flores já deveriam estar abertas.
As cores deveriam pintar o cinza.
Os espinhos já deveriam ter caído.
Haverá um novo dia?

As mãos já deveriam estar unidas.
Os olhos olhando na mesma direção.
Os dedos já deveriam estar entrelaçados.
Por que não é um novo dia então?

Por que as luzes se apagaram antes do amanhecer,
Se tudo o mais permanece no escuro?
Por que o vento soprou as nuvens,
se o céu continua negro?
Por que as lágrimas clamam por perdão,
se o coração já não é mais um inteiro?
E o amor já habita outros ares...

Veja a hora, já era para o sol ter nascido.



segunda-feira, 19 de março de 2012

Nuvens

Realmente, os corações venenosos nunca mudarão.
E em meio aos tormentos e as palavras doloridas,
eu sonho com as estrelas e você ao meu lado.

E se um dia eu tentei cobrir meu rosto do sol,
se um dia eu amaldiçoei a lua,
foram em tempos passados, folhas já lidas de um livro que ainda toma forma.
Foram as lembranças. 
Foi o medo.
Solidão é um sentimento que traumatiza. Que apavora só de lembrar.
É um corte que cicatriza, mas dói pra sempre.

Não vou mentir, o sol ainda ofusca meus olhos, mas agora ele clareia a minha mente.
E o mesmo lugar que eu achava que eu não poderia viver, que eu não poderia ficar, hoje é o meu abrigo.
E o menino com coração de pregos aprendeu a viver. Aprendeu a amar. Chorou ao cair, e teve braços fortes para se levantar.
E se as nuvens trouxeram a chuva, logo depois elas abriram as cortinas cinzas
e me apresentaram o luar.





quarta-feira, 14 de março de 2012

Flores

Houve um dia em que eu achei que o resto dos meus dias seriam sempre escuros.
Novo demais, já não via mais cores pra que o céu fosse bonito, ao ponto de me tirar um sorriso.
Cru na vida. Menino ainda. Virgem para a maioria dos sentimentos.
Eu achava que sabia de tudo... sem nunca ter vivido nada.
Talvez fosse puro niilismo forçado da minha parte, talvez fosse apenas a imaturidade de uma mente voadora.

As infinitas e doídas cabeçadas que a nossa criancice nos submete, me fizeram confundir inexperiência com incompetência, e eu, fiquei a remoer atitudes perdidas e palavras arremessadas, ou não, no vazio.
Mas eu não sabia de nada, como ainda não sei de tudo.
Eu sei que as cores foram reveladas à minha visão meio obtusa da vida.
Sei que quatro anos varreram dezessete sem dó.
Me fazendo compreender que mesmo os momentos em que as flores murcharem e morrerem, outras florescerão novamente. No seu Tempo, na sua beleza, florescendo em vida.

Falando em flores... nem tudo são flores conosco. Não, definitivamente não.
Mas é nesses momentos que eu percebo que é você que eu esperava.
Foi você que me resgatou do marasmo da auto-culpa , da minha omissão em ser feliz. Faltava a outra parte, faltava a quem amar de verdade. Faltava o sorriso, e também as lágrimas, pois o que é a vida e a felicidade sem algumas lágrimas? É falsidade!
É, as melhores palavras ainda estão nas mentes e frases dos poetas, mortos e vivos, mas todas levam ao mesmo destino, o mesmo sentimento. Tentam explicar a complexidade do inexplicável.
Mas agora, é mais verdadeiro o amor do que a poesia.
E lembra quando eu falei que ainda não sabia de tudo?
Do que me importa, se o que eu sei é que eu amo você?


E olhe! Uma flor se abriu em cores. E nem é primavera ainda!

terça-feira, 13 de março de 2012

Palácio das Lamúrias

É isso.
Chegou o limite.
Acabaram-se todas as alternativas.
Dividiram-se todas as ramificações. De duas vidas que eram uma. De duas estradas que tinham o mesmo destino.

Carregando o fardo de uma promessa quebrada.
Para sempre.

É isso!
Ouça os choros dos que habitam o Palácio das Lamúrias.
Ouça o reprimir dos sonhos, jogados no mar.
Siga a luz, que morre no desespero dos malfadados.
Encontre-os despedaçados, os corações que eram um.
Eu vi, na noite calada, no frio da neblina, nos pântanos da alma, eu vi.
A lua que brilha opaca, esverdeada no céu.
Iluminando os doentios rostos, que se perderam no caminho.

Que era pra ser um, mas se dividiu em dois.
Ao que sobra, o desditoso.