quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Sopro do Tempo


O relâmpago rasga o céu, assim como o Tempo pisca na vida.
Não deixando segundas chances para aqueles que não viram seu brilho.
Os anos passam cada vez mais rápido. E o nosso tempo se esgota a cada minuto passado.
Infelizmente só nos damos conta quando ele passa.
Como o trovão que sucede o flash no céu negro.

Olhando para trás, eu vejo que o Tempo roubou a minha inocência. Transformou-a em culpa e me devolveu numa bandeja.

E eu aceitei.

Mas talvez não houvesse outra opção.
Ou talvez, a alternativa seja lutar, para transformar essa culpa em orgulho.
Orgulho que me libertará, que me trará a vitória, que me mostrará o passado, para servir de lição. Me lembrará da minha inocência perdida. Dos meus sonhos naqueles dias fáceis. E disso, ter a motivação para mudar.
Será um fogo, queimando os meus pecados. Deixando as cinzas ao vento, que de algum lugar virá soprar no meu coração.
O sopro do Tempo, me sussurrando que chegou a hora de viver.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Lágrimas dos Anjos


Os portões se abrem para mais um show de falsidade.
Onde homens ímpios tentam de todas as formas, te livrar do pecado.
Esquecendo dos pudores, dando as costas ao bom senso. Eles se escondem atrás de Deus, corrompem o coração humano, fingem santidade, esperando que suas próprias imagens não sejam afetadas.

Homens são homens. E santo nenhum deles é.

Os olhos dos anjos, zelam por nós.
São os anjos que choram as lágrimas venenosas.
Que muitos bebem sem se dar conta. Entregando sua vida àqueles que prometem ser a salvação. Eles juram te curar, te libertar, te entregar a paz.
Mas tudo tem seu preço.
Seja salvo, porém, siga-me.
Seja livre, porém, faça o que eu mandar.
Tenha paz, mas somente se me obedecer.

Ame a Deus. Mas sirva ao homem.

Os homens que juram ser santos.
Matando os não nascidos, condenando suas almas ao inferno.
Usando uma bíblia como escudo e seus fiéis como álibi.
Lavando da sua mente toda a noção de liberdade.

Mentindo.
Roubando.
Alienando.

Matar pra Deus, morrer por Ele.
A Religião me ensinou a ser um rato.
Correndo toda a vida atrás do queijo.
Fugindo para sempre do perverso gato.

Religião mata. Condena-te ao abismo.
As lágrimas peçonhentas, hoje são o seu alívio.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Olhos de fogo


Longe do meu lugar.
Aflito, saboreando as lembranças do meu lar.
Eu daria tudo para ter de volta.

Os dias em que corríamos o mais rápido possível;
Buscando alcançar as estrelas,
que nos faziam companhia naquelas noites,
em que tudo parecia ser mais simples.
A lua iluminava o seu rosto. E os seus olhos
reluziam como fogo.
Iluminando um ser que via em você,
todos os motivos de viver.

E nós víamos a felicidade nos nossos rostos,
e melhor ainda, vivíamos essa felicidade.
Demonstrada em palavras, comprovada em atitudes.

Eu era seu.
Você era minha.
Simples.
Perfeito.

Esperar que a vida nos ensinasse alguma coisa,
é o mesmo que acreditar nos contos mais fantasiosos.
Mas a vida realmente me ensinou algo:
A perfeição é plena enquanto ela existe.
Plena, porém não eterna.

Longe do meu lugar
Sozinho, sonhando com meu antigo lar.

Hoje a lua é vermelha.
As estrelas parecem morrer a cada noite.
As tardes são frias.
O seu rosto é uma mancha cinza na minha memória.
Dissolvendo-se a cada respiração.
E os seus olhos já não me iluminam mais.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Muros de medo/Janelas da paz


Dizem que o medo produz a coragem.
Mas o medo é a persistência do amedrontado. Se escondendo atrás de um muro, que esconde a incerteza do outro lado. Uma barreira que impede a vontade de vencer. Impede a visão da realidade.
Um empecilho no caminho que já era tortuoso.
Preferem ser derrotados em tranqüilidade, do que vencer na incerteza.
Usando quedas de outros como exemplo e a vitória de alguns como utopia. Um objetivo impossível de se alcançar.

Barrados pelo medo.
Desencorajados pela própria incapacidade
de enfrentar o que não é conhecido.

Talvez, este seja o processo mais doloroso.
Enfrentar o desconhecido.
Se encaixam em qualquer lacuna à margem
dos seus sonhos. Contentando-se com aquilo que é possível enxergar.
Estremecendo o coração, temendo perder a paz.

A paz existe, dizem que ela está lá fora.
O problema é que a porta está trancada.
E não existe chave para esta tranca.
A paz está lá fora, pela janela conseguimos vê-la.
Sempre muito perto, olhando-nos nos olhos.
Na realidade muito longe, de costa para todos.
Para todos...

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Horas Silenciosas


Não consegui dormir.
O sono não é capaz de me dominar.
Apesar do meu maior desejo ser um descanso
para minha mente
Mas esse descanso, eu não consigo ter.
E as minhas horas de silencio, são as mais perturbadoras.

A vida se monta na minha cabeça.
A minha vida, curta ainda, mas que já me apresenta a  um
passado em que, as vezes quero voltar
e muitas vezes quero mudar.
E os pedaços de mim se unem,
Me apresentando o futuro, na perspectiva do presente.

Uma tortura.

Nas horas silenciosas eu me torno pensativo.
O meu maior perigo...
Abusando da imperfeição, jogando o maléfico jogo
Da minha mente, onde meus próprios
Pensamentos buscam me tragar

Eu reagi para mudar. Tive medo da solidão.
Me entreguei. Um ato desesperado, carregado de culpa.
Fui engolido pela névoa espessa,
formada pelas minhas próprias desilusões.
Uma enorme nuvem, com rostos que me
lembravam que eu havia fracassado.
Sussurrando na quietude plena, num pequeno quarto
Em várias madrugadas.
Uma fumaça opressiva,
roubando a respiração da
Minha sanidade.

Os meus olhos, mesmo abertos,
pareciam não enxergar.
As estruturas que ruíram
e as ruínas que viraram pó.
Fragmentos; Lembranças; Sonhos; Promessas; Paixões;
Saudades; Tristezas; Alegrias; Ilusões; Frustrações...
E um único e verdadeiro Amor.

Nesta hora silenciosa,
o som do lápis no papel me faz pensar,
que eu começo a escrever, sem saber como terminar.
Imitando a vida.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Eu prometo


Mais uma vez rastejei.
Pedi ajuda, implorei por uma mão. Mas ao meu redor, elas se recolheram.
Pessoas que se cansaram, que desistiram de me socorrer. Que já não vêem mais retorno.

E a mim, só me restou encarar o impossível.

Sair, levantar, recomeçar. Os sentimentos me ensinaram a ser, mas eu ainda tenho que aprender a vencer.

Meus joelhos machucados são as vitimas de uma mente rendida, sem forças pra lutar.
Prometo nunca mais cair. Prometo nunca mais voltar.
Prometo vencer, e nunca mais ter medo de amar.

E a poeira deixará de fazer parte de mim. As sombras não vão mais me esconder.
E as cinzas daquela vida antiga, serão minha lembrança, pra que quando eu me esquecer de onde vim, elas possam me lembrar.

E o meu refugio será você.
Eu prometo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Lembrança Fria

O Tempo parou.
E ali, eu me ajoelhei diante da fraqueza, esperando pelo momento que parecia demorar a chegar. Prostrado diante da grandeza que tudo aquilo significava.
Algo importante estava acontecendo, mas eu não tinha idéia do que poderia ser.
Senti arrepios, e a presença de alguém. Não era visível, mas se eu fechasse os olhos, quase podia ver que havia alguém ali, de frente comigo.
E como eu já disse, o Tempo parou, literalmente. 
O Vento parou, as folhas nas árvores pararam de farfalhar, o silêncio predominou. Por alguns instantes, esse foi o meu mundo. Apenas por uns instantes, os últimos instantes...
Porque enquanto tudo parecia congelar no Universo, aconteceu.
No exato momento em que abri os olhos, ele estava lá. Na minha frente, me encarando.
Sem nenhuma expressão. Olhos cinzas, que não guardavam nenhum tipo de emoção. Tinha cabelos negros longos, que caíam pouco além dos ombros, vestia negro, mas as vezes suas vestes cintilavam em pequenas luzes de prata. Como brilhos de estrelas no céu negro. 
Algo grande estava acontecendo...

Lentamente ele andou em minha direção. Mudo. Quando chegou à distância de um braço, ele estacou. Fechou os olhos, como se buscasse algo no fundo da mente. E de repente disse:
-Já é tempo, de o seu tempo se esgotar.
Eu não conseguia me mexer. Nada me segurava, eu apenas não conseguia processar nada daquilo.
Tentei dizer alguma coisa, mas eu simplesmente estava paralisado. Parecia que tudo aquilo, tinha que acontecer e ninguém poderia mudar isso.
Então, e isso é a ultima coisa que a lembrança me deixou, ele ergueu o braço, e tocou minha testa, entre os olhos.
Imediatamente eu senti que o Tempo voltava a correr normalmente, mas havia algo errado.
O Tempo voltava, mas eu ia perdendo minhas forças.
E a ultima coisa que senti em vida, foi frio. Muito frio. E isso me deixou feliz.
Pouco antes de eu morrer, me pareceu que o próprio Inverno tinha tocado meu rosto.

Algo grande, havia acontecido. E maior ainda, seriam as consequências daquilo.