quinta-feira, 30 de junho de 2011

Rubis

Por um caminho longo e escuro, segui você.
Você sabia o porque. A resposta estava em você. No seu medo. E eu te segui. Te persegui.
Tola.

Seus olhos vermelhos me hipnotizaram, já na primeira vez que os vi.
Duas gotas de sangue no meio de uma graciosa face. Eu te amei.
Cabelos negros como a noite de lua nova, contrastavam com a pele que parecia reluzir à luz das estrelas.
Quando te vi, percebi que você tinha que ser minha.

Mas você fugiu de mim.
Nunca mais fuja de mim, minha vida.

Você fugiu, mas eu sabia onde te encontrar.
Você correu, mas todas as vezes que você olhava para trás, me via a te perseguir.
Eu não te desejei mal em momento nenhum, mas você, minha vida, decidiu me deixar, quando eu poderia ter te dado o Mundo.

Entenda, eu tive que te perseguir, eu tive que ir atrás dos meus olhos de rubis. Eu não poderia deixar de te-los.
Mas você não me entendeu, quando eu disse que te amava. Você se assustou, quando soube o que eu gostava de ser nas horas escuras. Nas horas que só há trevas na Terra. Nas horas que todos dormem, e eu saia para acorda-los. E ouvi-los gritar. É pura diversão, é pura necessidade, é a vontade de vê-los agonizar.

Não, você não deveria ter fugido. E eu não suporto a ideia de você me temer, porque isso a torna igual aos outros. Presas fáceis, que se aterrorizam quando me vêem. Você, minha doce e linda vida, com seus olhos escarlates, se tornou uma preciosa presa.
Seu sangue me banhará essa noite, minha vida, pois você não deveria ter fugido de mim.  

terça-feira, 28 de junho de 2011

Divisão

A vida mais cruel.
Dúvidas.
Que impedem decisões, passos que devem rumar para a direita, ou esquerda.
A mente fica gasta.
Os desejos se tornam secundários. Os sonhos estão distantes, além, muito além do horizonte visível. Fora, completamente fora do alcance das mãos dos que ainda ousam sonhar.
Das minhas mãos...

Planos marcados pela incerteza.
E pessoas que julgam saberem o certo sobre você.
Pois EU sei o que sou. EU sei o que posso ser.
Onde posso chegar, o que posso conquistar.
EU sei o quão grande posso ser.

É só a incerteza que me impede.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Resquícios

Vida sem Tempo. Sem calor, nem emoção.
Transforma a alma em cinzas.
O Vento espalha a poeria no ar. Formando padrões que parecem sofrer.
Sentimento não tem mais significado. Como um barco no meio da lagoa. Abandonado, apodrecendo.
Esvaindo no nada.
Regado pelas lágrimas.

O sol que escureceu, assumindo o seu lado vermelho.
A razão desconhecida, pelos lamentos noturnos.
O lugar ao lado que está vazio. Necessitando de amor, no momento, implorando por afeto.
As mãos se tornaram lembranças. Os olhos um refúgio. Onde olhar lembra como a felicidade é. Deveria ser. Tinha que ser. Mas dela não há nada.

As palavras não saem quando todos querem ouvi-las.
Um tolo que implora por Tempo. Que espera a oportunidade, só para deixa-la escapar.
Ao longe as vozes são alegres. Mas ao redor elas são desprovidas de vida.
São apenas vozes sem nome, chamando para casa, aquele que não pode voltar.
Perde-se o controle sobre a sanidade. Perde-se a noção do real.
Controle, é tudo uma questão de controle. E das coisas que realmente controlam o Ser.

Não tenho nada a oferecer, não espero nada receber.
As cinzas me olham tristemente.
A música me envolve em remorso. Por quê?
A razão é desconhecida, ainda sem resposta.
Dias de erros. Noites, apenas noites.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Dança das Estações

Uma dança eterna com os astros.
Uma harmonia que nasceu alegre.
Para iluminar os corações sofridos.
Para trazer esperança ao desesperado.
Aroma de rosas vermelhas, num dia chuvoso.

Trouxe a ilusão aos que queriam vida.
O medo, quando se procurava paz.
A preocupação, quando a luz era suplicada.
O mau presságio, aos que queriam sorte.
As nuvens, acompanhadas da tempestade.

Trouxe a calma, depois do caos.
O calor, quando o frio parecia ser eterno.
A felicidade, aos que morriam no desespero.
O amor, aos corações cinzentos.
Cores, quando tudo parecia negro.

Congelou a vida, de um modo único.
Beleza gelada, de cores escuras.
Azul no preto, cinza no branco.
A seriedade da razão, congelando a emoção.
Preparou-nos para o Ciclo da Vida.

A Dança regida pelo Mestre Supremo.
Justo, único, eterno.
O Mestre da Dança das Estações.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Escarlate

O relógio que não anda mais. As manhãs que não me mostram mais o Sol.
Nas nuvens, eu vi rostos que pareciam rir do meu sofrimento.
"Você ainda é uma criança", o Vento me soprou.
No horizonte os prédios pareciam dançar ao som da cidade. Mas eu não ouvia a sua musica.
Eu só conseguia ouvir a canção que as lamúrias gritavam.

No fechar dos olhos, eu vislumbrei o que parecia ser o futuro. Incerto.
As pessoas eram águas, que se debatiam em pedras negras, com chifres de bode.
As águas choravam, e inexplicavelmente, eu conseguia ver suas lágrimas. Vermelhas como o sangue.
Os choros aumentavam cada vez mais, se aproximando de mim por todos os lados.
Demorei para perceber que eu era uma das pedras.
Negras como o nada. Vazias de vida como o lado negro da lua. Chifres retorcidos no alto das cabeças.
Eu era uma delas.
Tragava as águas, e cada vez elas ficavam mais vermelhas.
As lágrimas me rodeavam. Manchando o negro de escarlate.
As pedras negras roubavam a vida. As águas morriam. E eu chorei pelos rostos conhecidos.

Abri os olhos. O relógio ainda parado.
Ao longe as árvores começaram a se agitar. O Vento se aproximava novamente. Soprou as folhas, as flores, as páginas, e soprou a mim: "Lágrimas, criança. O Mundo se resume às lágrimas."
E na minha mão direita, o relógio voltou a andar.   

terça-feira, 14 de junho de 2011

Oca

Talvez um dia uma revista estampe seu sorriso na capa,
mas eu saberei a arrogância que ele esconde.
Talvez um dia você alcance o auge,
mas eu saberei em quem você pisou.
Talvez um dia todos amem você,
mas eu saberei o quanto você os desprezou antes.
Talvez um dia você tenha os melhores amores,
mas eu saberei a razão, e o porque, que eles te abandonarão.

Porque você atrai a solidão. O Tempo a trará.
Junto com a única certeza possível na vida. Já sabemos qual.
Nada mais será, além de um poço de presunção.

E eu te pergunto:
Quando estiver velha, solitária, deformada, vazia, triste e mal humorada, quem irá te aconchegar?
O seu sorriso, naquela velha e despedaçada revista?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Seco e sedento

Totalmente sem inspiração.
Sem inspiração para criar, para imaginar, para detalhar...
para viver.

Tornou-se monótono, aquilo que um dia foi novidade a cada página que se virava.
Tornou-se apenas o esperado. O conhecido.
Onde apenas nos prostramos ao Tempo. Esperamos que ele passe. Que ele leve o que tem que levar e, talvez, deixe resquícios de lembranças, que deveriam ser esquecidas.

Tentando desvencilhar as memórias dos sentimentos.
As Ilusões que se formaram na mente que agoniza por sonhos.
É agora, a desculpa para se viver.
Nos dias de hoje, eu sei que poderia ter sido melhor.
Você sabe.
Fantasiou aqueles momentos, mas agiu conforme o esperado.
Faltou coragem, imaginação, vontade...
Inspiração.

Buscando em músicas, livros, sons e emoções.
Nada!
Impera o vazio. E a certeza de ser apenas normal.
Frustra até os ossos. Saber que o diferencial, é apenas igual ao de todos.
Que contradição mais mal-vinda...

Um deserto na mente. Um deserto privado de oásis.
Pelo menos sem nenhum, no momento que mais é preciso.
Onde a criação morre de sede, avistando alucinações.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Esquerda, a escolha

Esqueça-se do Céu.
Você não está sozinho.
Eu e você, contra o Mundo!
Olhe para mim. E deixe-me ter o controle da sua mente. Da sua alma.
Não siga o caminho que pode te levar ao nada. Não acredite nas mentiras, não seja mais um gado.
Eu estou aqui para te salvar da salvação.
O Destino depende de uma escolha. A sua!

Portanto, escolha uma mão.
Direita, a Mão de Deus.
A direita te oferece o Paraíso. Ou o que se supõe como isso.
Um caminho difícil, estreito, íngreme, pedregoso, com espinhos. Que no fim, te recompensa com a vida eterna.
Uma promessa.
Esquerda, a mão dos Impuros.
A esquerda te oferece tudo. E depois o Inferno. É isso que está escrito.
Um caminho fácil, de prazeres, amores, que permite que você desfrute do Viver. No melhor significado disso.
E oferece o melhor daquilo que você tem certeza: Esta Vida.
Pois nenhuma outra vida é certeza para você.

Direita,
ou Esquerda?

sábado, 4 de junho de 2011

Madrugada Acordada

Alguns versos lhe passaram pela mente:

Estar, sem querer estar. 
Sentimento mais cruel do Humano. 
Inseparável do Ser. 
Até a noite chegar.


Seguiu-se assim:

Esteja comigo e seja o que a vontade lhe falar. 
Mas que seja com sinceridade, 
pois nada mais maldoso do que ser sem desejar. 
Apenas engana.


Não havia sentido algum. Apenas vieram-lhe aos pensamentos:


O cão que olha o pássaro e pede para voar.


Algo, alguém, ou ambos, haveria de explicar-lhe. Se repetiu:


O copo que ela enche até derramar. 
O vinho que lhe rouba a sensatez. 
A arma a gritar e gritar... 
Cinco vezes, o grito que põe silêncio.


Começou a compreender. Mais palavras chegavam:


O silêncio, sorrateiro como sempre, lhe roubou a vida. 
Amarga, sem o Amor. 
Expirou, para não inspirar nunca mais.




A mente de um escritor.
Na madrugada acordada.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Três/Um

Ele tentou desvendar o valor daquela amizade.
Falhou ao tentar.
Tentou encontrar as explicações que todos dão. Os clichês que todos usam. Aquela frase que cativa o coração do Homem. Mas parecia pouco, perto do que era a realidade.
Se viu como um pedante, tentando explicar o que apenas era pra existir.
Entretanto algumas coisas são predestinadas. Apenas TÊM de acontecer. Mesmo que só se consiga perceber quando tudo acontece.

Talvez os anos não o tenham ajudado a perceber algo, que em apenas alguns minutos, lhe abriu os olhos.
O fez quebrar as barreiras.
Mostrou que os ciclos realmente se renovam. E talvez o mais importante de tudo: amadurecem juntos.
Compartilhando emoções, experiências, histórias e contos.
Enfim, as lembranças tornaram-se apenas lembranças. Sementes de uma árvore que talvez gere frutos, ou talvez embeleze uma paisagem que parecia condenada ao esquecimento.
Mas que estará de pé sempre, formando uma união.



Depois de tanto pensar e falhar, a única coisa que ele pôde ter certeza sobre aquela amizade,
é que ela não é restrita apenas aos livros e lendas de heróis.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Multidão

Siga a Multidão. Não importa pra onde ela te leve, não importa que atitudes ela vai exigir de você.
Apenas vá com a maioria. Seja mais um. Não faça a mínima diferença.
É isso que eles querem de você.
Que você não se esforce.
Que você não se revolte.
Que você não seja criativo.
Que você não questione.

Ah sim, a Multidão tem pavor aos questionamentos que se passam na sua mente.
Porque as respostas são as piores possíveis: são as verdades que você procura.
E a Verdade é a unica coisa que a Multidão teme mais que as Questões.
Ela teme que você descubra o propósito.
Teme que você descubra que vive preso à falsos mandamentos.
Teme que você descubra que as tais escrituras são apenas textos humanos. Escritos e criados por mentes completamente humanas. Pecadoras. Impuras.
Teme que você descubra que apenas
Você é o seu próprio deus.

A Multidão te quer.
Aceite-a ou morra.