segunda-feira, 23 de maio de 2011

Palavras da Saudade

Sabe aquelas infinitas horas que ficamos sem nos ver ?
Quando ficamos contando-as, esperando o tempo exato para que elas se tornem o nosso momento?
Nos falamos por vários meios de comunicação, mas nunca pessoalmente. Nunca olho no olho. Nunca você nos meus braços e nem eu nos seus.
É...
Nessas horas que você ocupa todo o espaço da minha mente reservado à Saudade.
Nessas horas eu sinto sua falta.
Nessas horas eu imagino o momento que vamos estar juntos.
Nessas horas eu venho aqui, escrever sobre você. Para você. Tentando em vão amenizar aquilo que é impossível de ser amenizado sem você ao meu lado. Tentando lembrar de como eu sou feliz quando estou de mãos dadas com você.
Perdendo a linha.
Perdendo a vontade.
Idealizando você.
Só pra você saber, que esse sou eu, meu amor.
O eu que você não vê. O eu que você não escuta. O eu que você não toca.
O eu que por algum motivo está longe de você.
O eu que pertence à Saudade.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Na Masmorra

Ele acordou com o choro dela.
- Por que choras menina?
Ela estava agachada no chão da cela, encoberta de palha, encolhida e tremendo, provavelmente de frio.
- Me acusam de algo que não fiz. - ela disse
 Ele olhou suas próprias mãos sujas de sangue. Disse:
- Sei como se sente. Mas do que a acusam?
Ela pareceu desconfortável com a pergunta.
- Ora menina, que mal faria em me responder? Seria presa? Olhe sua situação...
Ela se virou pra ele. Era uma linda menina. Não mais que dezesseis anos, olhos cor de mel. Tinha o rosto marcado de tanto apanhar, de tanto ser torturada. De tanto ser obrigada a assumir algo que não era.
- Me acusam de bruxa.
O homem não ficou espantado.
- E você é bruxa?
Os olhos de mel ficaram furiosos.
- De maneira nenhuma! É uma acusação falsa, sem fundamento. Não sou uma bruxa! - estava à beira das lágrimas novamente.
- Não a acusariam por nada. - o homem estava implacável.
A menina se endireitou, encheu a mão de palha, e começou a solta-las ao chão novamente. Uma atitude sem pensar. Disse:
- No meu caso sim. Não fiz nada além confidenciar sonhos à pessoa errada. Mas eram somente sonhos, eu juro! Sonhos que, aposto, qualquer pessoa poderia te-los.
O homem sentiu dó da pequena garota. Ele sabia o que lhe era reservado, ela também...

Fogo.

Ela o olhou novamente, com um olhar curioso como somente as crianças sabem fazer
- E o senhor, o que fez para estar aqui nas masmorras, preso por correntes de elos tão grandes?
O homem olhou as correntes. Não tinha reparado no tamanhos dos elos. De repente elas ficaram pesadas como o céu.
- Acusado de assassino.
- E o senhor é assassino? - a garota foi rápida.
- De um modo ou de outro, sou.
- E quem o senhor assassinou? - ela também sabia ser implacável e direta, como um tapa de costa da mão.
Ele olhou pela fresta e viu a lua. Prata sobre prata, perfeita circunferência. Linda.
- Um padre. - ele disse sem remorso.
A garota ficou espantada. Olhou de um outro modo ao homem. Com uma pitada de medo e curiosidade.
- Por que matar um servo de Deus?
Uma ira se ascendeu nos olhos do homem maltrapilho.
- Porque ele merecia a morte. Dolorosa, demorada e muito sofrida. Sim, ele merecia, minha criança. Abri-lhe o estômago e deixei suas tripas escorrerem pra fora. Tirei-lhe as bolas e dei-as aos porcos. E os dedos, tirei um por um, e fiz um colar.
A crueldade do assassinato chocou a menina criança. Ela só conseguiu dizer:
- O senhor é que deveria ser acusado de bruxaria.
Ela foi para o canto mais distante da cela, longe do homem. Agachou-se e se pôs a jogar palha ao acaso.
O homem gostou de ter chocado a garota. Gostava da lembrança do crime. Parecia sentir o gosto do sangue do padre novamente. Por fim se encostou na parede novamente, adormeceu.

Mais tarde ele foi acordado por gritos. Gritos da menina. Porém não vinha da cela, vinham de fora. Ela gritava ser inocente. Que era uma injustiça. Que Deus os faria pagar. Um padre esbravejava, Eu sou Deus aqui criança-bruxa. Sou a voz dEle e Sua mão. Arrependa-se da bruxaria e Ele talvez lhe salve a alma. Porém o corpo não tem salvação.
O homem olhou pela fresta. O dia ainda não havia raiado, mas havia uma intensa claridade. Fogo.
Eles arrastaram-na até a pira. O fogo ardia até na cela, fazendo o maltrapilho ser aquecido. Decidiu que não queria ver o resto. Sabia muito bem o que ia acontecer.
O homem ouviu os gritos da menina, abafados pelo barulho que o fogo faz quando queima. Os gritos. Cortaram-lhe a alma. Uma menina morrendo, em nome do homem que dizia ser a voz de Deus. Em nome da Igreja, que dizia ser a verdade de Deus. Em nome da mentira!
O homem resolveu ser surdo aos gritos. Ele sabia o que lhe esperava. Sabia que logo a sua pira estaria ardendo, esperando para consumir seu corpo.
Pois essa é a condenação aos desertores assassinos como ele.

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Martelo das Bruxas

Seja feita a vossa vontade.

No abismo negro da alma
ecoam as vozes roucas.
As vozes que crescem, enfim
sem tolerância, nem pudor.
As terras estão com sangue
Espalhe-se o terror.

E as ordem não descansam
Escreva o horror
As terras estão com sangue
Espalhe-se o terror.

Hereges irão morrer,
ensine a torturar
Arranquem todas as almas
Sacrifiquem os pecadores

Sem misericórdia, sem arrependimento.

Ensine a torturar.
Malleus Maleficarum.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O Título é Seu

As horas que faltam para te ver parecem ter o triplo de minutos.
Talvez seja porque uma unica hora sem te ver, já me faça sentir saudades.
Saudades que, dizem os mais velhos, virará monotonia. Que enjoarei. Não vou mais querer...
Acontece que eu vivo o Agora. E Agora Eu Te Amo. Quando o Depois chegar será o Agora novamente, eu Te Amarei mais. É assim, renova. Cresce. Pra sempre.
Aumenta a cada batida do meu coração. Que parece dizer o seu nome.
Sim, me sussurra o teu nome, pra que eu jamais esqueça seu rosto. Como se isso fosse necessário...como se um dia eu fosse me esquecer do rosto que me salva todas as noites, quando sonho com você.

É, com você!
Descobri que nas noites que não sonho com você, elas me acordam para um dia triste. Frio, mesmo no verão. Sem motivo nenhum.

Eu espero os minutos que se multiplicam, me fazendo desesperado e impaciente. Espero eles passarem, pra te encontrar novamente e mais uma vez dizer que Te Amo. De um modo que, talvez, eu nunca entenda. De um modo que era predestinado a acontecer.

Eu Amo Você.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Menti

Eu ouvi o que eu tinha acabado de dizer.
E minhas palavras soaram falsas para mim. Eu sentia exatamente o contrário.
Talvez eu quisesse estar noutro lugar. Qualquer lugar, menos aqui. Há tempos que quero, há tempos que desejo.
Estar no frio. No cinza. Onde o vento fala. Toca meu rosto...

Mas eu estava lá. Frente a frente com o que eu queria que estivesse longe.
Inexplicável.
Não era sonho, nem delírio, nenhuma alucinação causada por diversos fatores possíveis.
Eu sentia saudades de momentos que nunca vivi.
Eu sentia a neve, sem nunca te-la visto.
Eu sentia angústia. Essa eu sei bem como é sentir. Companheira da vida. De mãos dadas com a minha solidão.

Eu fui falso. Eu menti.
Odiei mentir, mas naquele momento eu amei esconder a verdade. Ela é dura, cruel e não perdoa.
Eu fechei meus olhos, forcei uma lágrima. Falsa.

Me ajoelhei, Te dei um anel.
E disse que Te amava. Menti!

domingo, 15 de maio de 2011

Hiena

Espera o anoitecer pra atacar. Ou pra ficar com o que sobra.
As gargalhadas acompanhadas de urros e berros de disputa. 
A guerra pra sobreviver. 
A guerra pra te ver morrer.

Os olhos na presa. Ou o que sobrou dela.
A inteligência usada pra derrubar o próximo. A lei da selva, dizem.
Não acredite nas suas palavras. Não acredite nas suas gargalhadas. Ela não está se divertindo. Ela está te destruindo.
A traição usada na forma de disfarce. Um capuz imundo de ódio, capaz de derrubar o mais forte entre os fortes.
Um ser que busca a sua falha. Tira proveito dos seus erros. Espera que seja dada as costas. 

Um ataque silencioso, mas eficaz.

Aquela mordida na jugular. O sangue que explode pra fora. A presa abatida.
Agonizando; implorando; morrendo.


É a alma. É o instinto. É o ser humano.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Pai

Agora que eu estou aqui sozinho, sentado e lendo um livro qualquer, com a caneca cheia de café, o dia frio parece me inspirar e me encorajar pra dizer coisas que eu não tenho coragem de dizer quando devo.
A pergunta é: Por quê?
Por quê eu não consigo te dar um abraço?
Por quê eu permito que exista uma barreira que me impede de ser amigo e companheiro, quando te vejo juntando os cacos da sua vida?
Por quê não consigo mostrar o quanto admiro sua coragem, sua força, sua perseverança? Por quê no momento que você mais precisa, eu apenas consigo ser indiferente? Como se tudo estivesse bem, como se a dor não estivesse presente, martelando um coração já sofrido. Como se nada estivesse rompido.
Eu me envergonho de só ter coragem de ser sincero no papel. Escrevendo algo que minha boca não consegue pronunciar.
Sinto, e na verdade eu sei, que devo isso a você.
Eu te Amo!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Culpem o Tempo

Os amigos que se conheceram na infância...
Eles juraram nunca se separar por motivo nenhum nessa vida. Riram e dividiram momentos tristes juntos. Caíram e ajudaram uns aos outros a se levantarem. O tempo jamais fraquejaria o que parecia ser inabalável. Parecia...
Sim, o tempo realmente é cruel, mas as pessoas são ainda mais cruéis. Juramentos e promessas de amizade já não valem mais nada hoje em dia. O poder da palavra? Confiança sem garantia? Sacrifícios pela amizade? Esqueça esses sentimentos, há muito eles foram dissolvidos nos anos, que viraram séculos.
Isso hoje nada mais é do que uma Utopia. Tema de filmes. A amizade mais verdadeira que você já viu foi pela T.V.? Pena...

Hoje aqueles amigos precisam de permissão para se encontrarem. Do trabalho, das namoradas, das reclamações e das desculpas. Se eles estiverem liberados, podem se juntar. Senão, aquele "pro que der e vier" fica pra semana que vem, e pra próxima, ou na outra, talvez mês que vem...
Depois dizem que o tempo é o vilão da história.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ao Som da Verdade

Enxergar a beleza no caos. Não temer o desconhecido.
E testar a sua sanidade.
Você suspeitará do seu deus. Duvidará da Sua palavra.
E o negará.
Eles queriam te esconder da verdade. Falharam ao tentar.
E você os perseguirá.
Enganando gerações. Milhares de anos.
E você os caçará.
A verdade mora dentro de você. Não em um templo de pedra.
E você se libertará.
Os grilhões que prometem te guiar. São os mesmos que te prendem às mentiras.
E você será livre.
Pregará a verdadeira verdade. Pois a falsa já foi longe demais.
E você será o Seu deus.



O mundo possui aproximadamente 6,5 milhões de deuses. Nos quatro cantos.
Eles me perguntam qual seria a melodia do Inferno.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Dor Justificada

Eu tentei inutilmente entender o que eu sou. Eu busquei compreender o propósito disso tudo.
Em vão eu busquei auxílio, mas ninguém quis me ouvir.
Eu tentei inutilmente entender o que eu sou, mas só entendi a dor.
Ah sim, a dor. Eu já me acostumei tanto com a dor, que quando ela cessa eu sinto falta. Me acostumei a enxergar os erros que cometi, e sempre os justifiquei pela dor. As mágoas que te provoco são apenas reflexos da minha eterna e insuportável dor, que inexplicavelmente, eu nem sei o motivo.
Nos dias de sol, eu quero o frio. Nos dias de inverno, eu peço por calor.
Recriando momentos em que eu fui feliz. Tentando de alguma forma voltar no tempo. Mas as lembranças foram roubadas da minha mente. Pelo menos as lembranças de tempos alegres. Risos se distorcem em faces agonizantes.
Será que alguma das outras 6 bilhões de pessoas sente o mesmo que eu?



Tudo é motivo, qualquer coisa é motivo. Tudo é motivo para eu justificar minha dor.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Outono com K

Silenciosamente ele chega e desperta sentimentos.
O Outono com seus dias cinzentos e frios, traz a saudade e a necessidade de calor. O que me faz lembrar de você.
Nas manhãs em que minha companhia é uma caneca cheia de café quente, e uma boa dose de lembranças, eu espero firmemente por você. Seus olhos passando tranqüilidade pra minha alma, suas mãos aquecendo meu rosto e sua voz fazendo meu coração transbordar de alegria.
Num dia de outono eu não quero mais nada a não ser você. Pra gastarmos os nossos minutos um com o outro, pra eu te fazer feliz, assim como você me faz. Pra eu dizer que te amo como nunca amei ninguém, e que vou te amar pra sempre.
O Outono reforça a necessidade que eu tenho de você. A necessidade que eu nunca saciarei. Ter você pra sempre ao meu lado. O Outono me faz sentir a sua falta e você me faz bem como ninguém.