Minha casa, meu lar
o lugar que tenho com afeto
Sou só, só eu e meu teto
Sou eu, meu teto e um buraco
Disforme, pequeno mas grande, ingrato
Se fez num dia e ali o deixei
Sozinho não se fecha, ah isso eu sei
Com o tempo aprendemos a conviver
Bem ali, acima da mesa
impossível não ver
Até virou meu companheiro
O buraco me quer bem
Talvez bem como ninguém
De dia me mostra o sol
A noite a lua que vem
Parece sem graça, mas daí vem a chuva
Milhares de gotas, uma por uma
O buraco vira porta, ideal para uma gota
Então logo elas se juntam e formam uma poça
Ouço elas chegarem quando batem na mesa
E logo se transformam numa minúscula represa
Cada batida pra mim é um canto
Como tambores africanos e seu bantu
Se fez e ali ficará
Um novo amigo que agora tenho
Talvez um dia ele se expandirá
E toda a chuva caia aqui dentro
Sou eu, o teto, o buraco, o dia, a noite e a chuva
Moro sozinho e desconheço modo melhor de viver.
Um dos melhores!
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