sexta-feira, 19 de março de 2010

Onde andei com a cabeça?
Que agora me pego aqui sozinho
Num lugar em que não tenho vizinhos
Aqui mesmo! Que eu logo me entristeça!

Pois fazer amigos não é para mim.
De modo fácil me deixo num canto,
Me sinto aquele do intelecto manco
E me desprezo por ser tímido assim, enfim...

Me queixo, mas motivo verdadeiro não há,
Pois sou um livro em que a capa não agrada,
O conteúdo parece pior que a fachada
Um muro fechado que não vale a pena cruzar.

Amanheço e vivo só,
Me deito só e até sonho só. Sempre!

Corredor

Ando sozinho por esse corredor vazio
Vazio e escuro. Medonho.
Onde as batidas do meu coração
competem com o barulho dos meus passos
Não sei se consigo sobreviver à essa travessia...

O corredor da minha vida é sombrio,
É deserto, como poucos.
Não há luz nem janelas.
Meu corredor é o meu mundo a minha vida
É onde eu sou humano, onde sou!
Não há outro lugar para mim.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Razão

Sou uma ilusão criada por mim mesmo
Um lago de emoções paradas para sempre
Com barreiras de sentimentos que me impedem de ser
Uma razão assustadora, obscura.

Deve ser difícil enxergar a si mesmo
É difícil enxergar a mim mesmo, fundo no coração.
O medo não me deixa ir além
Tento mudar, tento me ver...

Como uma porta trancada,
impedindo a visão do interior
Uma fronteira impossível de se cruzar.

Sou um perdedor nesse jogo egoísta,
banco o forte mas traio a mim mesmo.
Por alguma razão assustadora, obscura
minha própria vergonha se torna ira.

Então que a coragem me deixe de vez
É assim que sobrevivo
andarilho do meu mundo,
procurando razões pra viver
Sou um simples coração humano.

terça-feira, 16 de março de 2010

Goteira

Sou eu, e meu teto
Minha casa, meu lar
o lugar que tenho com afeto
Sou só, só eu e meu teto

Sou eu, meu teto e um buraco
Disforme, pequeno mas grande, ingrato
Se fez num dia e ali o deixei
Sozinho não se fecha, ah isso eu sei

Com o tempo aprendemos a conviver
Bem ali, acima da mesa
impossível não ver
Até virou meu companheiro

O buraco me quer bem
Talvez bem como ninguém
De dia me mostra o sol
A noite a lua que vem

Parece sem graça, mas daí vem a chuva
Milhares de gotas, uma por uma
O buraco vira porta, ideal para uma gota
Então logo elas se juntam e formam uma poça

Ouço elas chegarem quando batem na mesa
E logo se transformam numa minúscula represa
Cada batida pra mim é um canto
Como tambores africanos e seu bantu

Se fez e ali ficará
Um novo amigo que agora tenho
Talvez um dia ele se expandirá
E toda a chuva caia aqui dentro

Sou eu, o teto, o buraco, o dia, a noite e a chuva
Moro sozinho e desconheço modo melhor de viver.

sábado, 13 de março de 2010

Os Olhos de Atena

Transcendendo para a vida, em busca da sabedoria
Tentei descobrir a razão da vida
Respostas escondidas atrás de fortalezas
Muralhas que barram minha visão.

Homens morrem sem saber porque viveram
Seres fúteis entupidos pelo próprio orgulho
Nos meus olhos os segredos se clareiam
Sabedoria e guerra, em mim!

Eu vi os olhos de Atena,
sabedoria em forma de luz
Na justiça da guerra, o saber dos deuses
Não hesite em olhar.

Pela força há somente ignorância
Libertem-se, não hesite em olhar
Na pureza dos meus olhos
Acima do bem, acima do mal

Eu vi os olhos de Atena,
transformando o mundo, guerreando com amor.
Um sacrifício pode apenas
iluminar sua visão.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Porque Você é?

Alguns acontecimentos me fazem pensar.
Antes eu não gostava muito de pensar exatamente na minha vida, no meu propósito aqui, se é que há um propósito. Se é que há realmente um sentido nesse emaranhado de sentimentos que chamamos de vida. Sempre achei fútil. Eu me sentia deprimido e sempre acabava escondendo tudo isso bem no fundo, ondem quase nunca eu visitava, no âmago da minha mente, do meu ser.
Mas de uns tempos pra cá, pensar tem em tudo isso tem me feito bem. Acho que aprendi a centralizar direito meus pensamentos pra algo construtivo. E talvez eu enfim esteja descobrindo o propósito da vida. E quanto mais penso nisso mais percebo que poucos se preocupam com isso, poucos se preocupam em tentar descobrir que sentido a vida pode ter. Poucas pessoas se perguntam porque são capazes de pensar, de sentir, de serem racionais.
Se tudo na vida tem um propósito, um sentido, você já se perguntou porquê você é um ser racionalizado, um animal racional, como nenhum outro nesse Mundo. O porquê de cada pessoa ser única, uma única mente, um único pensamento, um único caráter.
Se pelo menos algumas pessoas pensassem nisso as vezes, e tentassem descobrir a causa da sua vida... porque exatamente foi você que teve a chance de ter uma vida, uma mente, um espírito e sentimentos únicos em toda a criação?
São coisas que quase ninguém pensa em nenhum momento da sua vida! Pelo menos nos dias de hoje.
Não quero ser utópico, mas, imagine se pelo menos algumas pessoas, em algum momento de suas vidas, se dessem ao trabalho de tentar responder essas questões, e tentar seguir esses propósitos. Talvez as coisas como vemos hoje nem existiriam, nem eu, nem você.

Se você está aqui, é porque algum propósito a sua vida tem. Não seja indiferente a isso.

terça-feira, 9 de março de 2010

A Um Amigo

A vida sempre nos prova o tamanho da nossa fragilidade.
Muitas vezes do modo mais difícil e incompreensível, e para nós até mesmo injusto.
No nosso dia a dia nunca nos damos conta disso, mas quando algo acontece a nós, ou a pessoas próximas a nós, o baque é grande. E me faz pensar numa coisa: Até os mais fortes caem. Até os mais frios se rendem sem querer a isso. E até os mais equilibrados caem no desespero.
O último fim de semana foi um daqueles inesperadamente (e extremamente) triste. Uma tragédia sem tamanho aconteceu a um amigo. Daquelas tragédias que ficamos completamente sem palavras, sem saber o que dizer. A perda de alguém próximo e querido nunca é fácil, mas fica mais difícil ainda de suportar quando é uma pessoa de uma alegria rara e contagiante. Uma pessoa que provocava sorrisos facilmente, e que eu a verei para sempre como uma das pessoas mais alegres que eu já conheci. O pai de um dos meus melhores amigos mas que eu também considerava como um bom amigo. Ele era uma daquelas pessoas que a convivência se tornava um prazer e que cativava as pessoas ao seu redor.
Sabemos que esse é o ciclo da vida, mas jamais será fácil de aceitá-lo. Jamais deixaremos de sentir saudades de um ser humano assim, único, e com um caráter estupendo! Nunca nada que alguém disser suprirá a necessidade de ter novamente o convívio feliz que ele sempre nos proporcionou. Nunca. Apesar disso, iremos sempre guardar sua presença em espírito!
A nós aqui, nos resta manter as boas e inúmeras lembranças proporcionadas por essa pessoa que em vida trouxe alegria, amor, afeto e felicidade no seu sentido extremo.
Em meu nome e, tenho certeza, em nome de todos os seu amigos só posso dizer: Obrigado por espalhar tão facilmente o seu carisma a todos nós. Sei que você está num lugar infinitamente melhor, mas saiba de uma coisa, você fará falta a nós amigo, sempre.

Essa noite

Essa noite me deitei mas não consegui dormir.
As lembranças decidiram me fazer uma visita. Vieram sem avisar e me pegaram de surpresa e me fizeram viajar por várias épocas da minha vida, por mais que ela seja demasiadamente curta. Engraçado que foram somente boas lembranças, numa semana em que o presente não me reservou boas notícias. A cada momento eu era transportado a uma lembrança diferente, que me marcou, e que de algum modo me fez estar aqui e ser assim hoje. Família, amigos, sorrisos, gargalhadas e lágrimas de felicidade apareciam sem cessar aos meus olhos que mesmo fechados enxergavam com absoluta clareza enquanto minha memória trabalhava. Eu não queria mais dormir.
Fui tomado por uma vontade incontrolável de vivê-las novamente, mas ao mesmo tempo sei que é impossível. Percebi que essa seria uma madrugada diferente. É indescritível o sentimento que tomou conta de mim. Tive vontade de chorar, de rir, de ver amigos, pessoas que, agora percebo, nunca, mas nunca mesmo, vão ser esquecidas pelas minhas lembranças.
Cada segundo dessa experiência me deixou saudosista mas ao mesmo tempo feliz. Indescritivelmente eu senti paz, como poucas vezes já tinha sentido. Me senti leve, saudável, e relembrando cada rosto que vi, me senti querido.
De repente senti uma necessidade absurda de levantar e escrever tudo que me acontecia. Levantei, peguei meu caderno e com uma luz débil no meu quarto comecei a escrever e era fácil como nunca achar as palavras certas para descrever tudo. Parecia programado para acontecer. Percebi que enquanto escrevia lágrimas sutis caiam e eu não consegui entender o porque. Talvez tenha sido um reflexo dessa minha inédita experiência.
E agora, contando isso, a comparação mais razoável que posso fazer é que foi como o efeito de uma droga: veio, se apoderou da minha mente, foi-se indo, e quando passou de vez me fez querer mais.
Talvez eu realmente estivesse precisando disso e não tinha me dado conta ainda. Mas sei que as lembranças serão muito bem vindas da próxima vez que chegarem sem avisar.
Essa noite eu me deitei mas não consegui dormir. Ainda bem!